Texto de Domenico Sávio Rocha Cavalcante.
Professor de Linguística e Literatura
do curso de Letras da
Universidade Estadual Vale do Acaraú
(profdomrocha@hotmail.com)
Passeio pelas ruas de mim [e de outros] esse é o título do livro do Poeta, escritor, teatrólogo e dentista, Mailson Furtado, publicado em 2018, em Fortaleza, capital do Estado do Ceará. Livro que considero uma das raízes de à cidade (2017) que se expandiu nessa geografia psicológica do ego do autor.
Ruas são caminhos que permitem ir ou voltar livremente, são espaços entre as margens,margens ocupadas de vida, que se estabelecem e se movem para que acidade viva e cresça. Ruas são caminhos que levam a Mailson Furtado em Passeio pelas ruas de mim [e de outros].
Passeios pelas ruas de mim segue a trilha de à cidade, como ele é um livro atípico, que disputa comimagens visuais o espaço geralmente ocupado pelas letras, fato que revela a intenção do autor de compor poesias concretistas. O livro apresenta ao público leitor 100 poesias, entre 111 páginas, com a capa e a diagramação feita pelo próprio autor.
O texto é uma composição poética de base visual. É um dizer com imagens, onde se explora ao máximo a função fática, que se funda no canal, um dos elementos do processo da comunicação, entendido como o meio utilizado para o envio da mensagem. O autor faz uso do que conhecemos como poesia concretista, uma forma de poesia que para ser apreciada precisa do sentido visual do leitor. O leitor para entender a mensagem precisa descobri-la no uso que o autor faz do espaço da folha, nas cores que seleciona para por em evidência a mensagem, nos tipos de letras empregados, nas imagens que se articulam com as palavras, como acontecem na linguagem mista dos quarinhos.
O narrador aqui se apresenta no papel de criança, que descobriu a escrita e alça como um brinquedo capaz de dizer ao mundo tudo o que pensa e sente, mas um dizer que vai além da descoberta da escrita, um dizer que usa imagens, que usa as cores, que ultrapassa o fazer dos adultos, ainda presos às regras e padrões consagrados pelas academias de letras.
Mailson é como o pintor que atingindo o grau máximo do estudo das cores, e das técnicas de sombreamento, e dos traços necessários a cada desenho, pinta o mundo que sente com palavras e com imagens. Toma a palavra em seu primeiro momento poético, palavra despida de enfeites, mas que exprime, o que é natural a toda palavra,a sua essência poética.
Mailson Furtado desafia o leitor a fazer com ele poesias. Para entrar em seu universo poemático é preciso inteligência, e muita intuição. Descobrir o que ele oculta exige do leitor um aprendizado para entender as manifestações visuais de seu texto, que joga com as cores, com as imagens, com as letras, e com o espaço utilizado nas páginas do livro. Encontro no livro de Mailson Furtado: Textos ora só com imagens, ora só com palavras, ora com palavras e imagens.
Sem uma atenção demorada, sem uma busca exigente, não há como vencer o jogo de esconde-esconde movido pelo autor, não há como descobrir o que ele quer compartilhar, tornar comum, comunicar. Isso faz de passeios pelas ruas de mim [e de outros] um jogo de charadas poéticas. Uma grande provocação à inteligência leitora.
Ler passeio pelas ruas de mim é aceitar a provocação de Mailson Furtado e participar do jogo do que é o que.
Apresentarei a seguir aminha leitura sobre doze textos selecionados de passeios sobre as ruas de mim com ênfase nos textos visuais. Sem descuidar do fato que as interpretações de qualquer texto têm muito da subjetividade de cada leitor, principalmente quando não se tratam de textos técnicos, mas de textos literários como o do poeta Mailson Furtado.
Começo com o primeiro texto do livro, que se encontra naspáginas 10 e 11 e tem como título: nada. Título em minúscula. Um título que é um texto. Um texto que ocupa duas páginas pretas. Com letras em branco, nas fontes Century gothic e Sitka Banner, na página 11 a primeira metade do texto na-, e na página 12 a segunda metade do texto –da que juntas formam: nada. Mas o que nada pode significar? Onde está a poesia?
Minha leitura do texto enxerga três possibilidade de interpretação. A primeira de fundamentação semiótica me permite reconhecer o texto como literário, e a existência de uma poesia, que enxergo, não na forma do texto, nem no conteúdo literal de nada, mas no mecanismo utilizado pelo autor, para produzir o efeito poético, a mensagem encoberta. Uma poesia essencialmente simbólica, e de forte caráter enigmático, a poesia está no ar, mas onde? Penso: o que é a folha em branco para quem escreve? A folha em branco é o vazio? É o nada. O nada é a poesia? O nada nas folhas 11 e 12 escrito em branco é o vazio, que se encontra nas pessoas no mundo todo, e assim temos a primeira linha poética do poeta Mailson Furtado nesse texto, uma parte de tudo. De tudo que ele já disse e que já registrou em preto na folha em branco, e como disse tanto, tanto com uma única palavra, ele meteu o nada no tudo, e o tudo no nada. E foi assim que me emocionei, ao perceber que todas as histórias do mundo estavam ali, com o preto no branco, ocultas na escuridão.
A segunda possibilidade de leitura se fundamenta na forma icônica das formas das letras- as letras representam as ruas que abrigam seus segredos na noite (as páginas pretas), os círculos das letras são as rotatórias que levam a outros caminhos.
A terceira possibilidade de interpretação aponta para o sentido filosófico desta composição poética icônica – no contraste do nada com o tudo.
Tudo é o ser, o nada o não ser. Mas se o tudo se expressa no escuro, e o nada no claro, o tudo é a busca que gera a perturbação, a aflição. O nada é a luz, o paraíso, não buscar tudo equivale a não buscar nada. Encontrar a paz.
O nosso segundo do texto “Espelho no escuro” se encontra às páginas 16 e 17.
Na página 16 leio:
“aquele espelho no escuro
me faz lembrar do amanhã”
Aqui também vamos encontrar o jogo de cores: branco, preto.
Um espelho no escuro nada reflete. Não há imagem. Não há leitura de um há um futuro. Só o nada.
A página seguinte vem com uma inscrição ilegível e centralizada em uma página de cor preta. A ilegibilidade da inscrição e a cor preta são referências às incertezas do futuro – o amanhã que não se pode adivinhar, mas que o espelho faz lembrar. A inscrição aparece na forma legível na página 16, revelando a preocupação do poeta com o seu futuro. Um futuro que é como a inscrição no espelho, de forma invertida de trás para frente, passando a ideia que o futuro e o reflexo do passado no presente.
Nosso terceiro texto se encontra na página 43, com o título Reservado [do que nunca virão]. Nessa página vejo a fotografia de uma placa, provavelmente, de alumínio, com a inscrição em letras maiúsculas: RESERVADO, aparece sobre uma mesa, junto ao espaldar de uma cadeira encaixada por baixo da mesa. Onde está a poesia? Na placa, no nome inscrito na placa? Na cena? O título do texto aparece em minúscula – acompanhada entre colchetes pela sentença:
Para os que nunca virão
O título não aparece, é visto apenas no sumário. A cena fala por si mesma; O tema – reservado.
A poesia está nos olhos de quem vê: a tristeza, a solidão, ausência, a dor de quem espera – a poesia está lá – para ser capturada pelo leitor experiente.
Nosso quarto texto escolhido recebe o título: sinto falta de mim, e aparece na página 49.
Abro o livro na página 49 e encontro mais uma poesia visual- a página 48 em cor preta- a página 49 também preta – ao contrário da 48 vem com mancha textual:
Sinto falta de
mim
neste poema
Isto é poesia visual, a página preta é página escrita para o poeta, então ambas as páginas estão repletas de poesia.
A frase impressa em branco traduz o não ser do poeta.
PARIS que se encontra às páginas 58 e 59 é o quinto texto de minha leitura. Considero que ele seja o texto que mais se adequa ao título dado ao livro. Ao vê-lo visualizamosa divisão em blocos que formam entre si as ruas. Novamente se constata a combinação de imagens e letras, tão própria da linguagem em quadrinhos.
O autor divide as páginas em branco em quarteirões, aqui representados por quadrados com espaços entre eles formando as ruas. Num dos quadrados lemos:
Paris deve ser do outro lado…
A frase termina em outro quarteirão:
da rua
A análise do texto nos permite perceber a questão da globalização do mundo atual, onde as culturas se fundem e se confundem, e em que as identidades se enriquecem. Paris agora é bem ali. O mundo todo está conectado.
Vamos ao nosso sexto texto selecionado que se intitula O livro que não li, e se encontra na página 71.
Ao contrário do texto “NADA” que se processa em duas páginas pretas, o livro que não li, vem processado entre duas folhas em branco, com a impressão dos caracteres em preto, com sombreamento dos caracteres em cinza, duplicando como espelho as letras.
Difícil para quem busca o poema identificá-lo no enunciado em si. Aprendi em semântica que o significado de qualquer enunciado, não está nele, mas no receptor, que é quem o elabora. Para entender o texto como uma poesia é necessário fugir dos padrões poéticos da academia, nada de rimas, de ritmo, o que vale aqui é o propósito poético, o trabalho com a função poética da linguagem.
Vamos a interpretação do texto:
“o livro que não li
por ora tem
241 páginas”
Observamos que todas as palavras do texto aparecem em minúsculas, o que ocorre no livro todo, não há pontuação, a mancha textual ocupa a parte central da folha, o impresso vem espelhado. E a página 70 vem completamente em branco. Vamos ao que tudo isso pode significar.
Páginas em branco indica que o poeta não conhece o que foi dito no livro, ele não leu. O livro que não leu tem 241 páginas, mas ele confessa que ainda vai ler. “Não li por ora”. A imagem dobrada talvez sinalize a incerteza de seu compromisso de ler. O poeta nada diz do livro, mas sabemos que ele sabe de que livro se trata. Para nós, só resta achar que é um romance, e que a história é longa, mas pode ser também uma coletânea de poemas, de contos, de crônicas.
Mas se pensarmos na questão psicológica, podemos pensar na angustia que produz no autor não ler, onde deixar de ler é perder, é não saber, é preciso ler para conhecer. Não ler é perder uma história, 241 representa mais que uma quantidade, representa o mundo, uma verdade, uma mentira que se perdeu no tempo, pela recusa em ler, ou o descuido de não ler. E mais ainda o poeta pode estar se referindo ao livro que ele planeja escrever, momento no qual, o escritor existe, é o momento enquanto escreve, depois, o escritor morre, para dar vida ao leitor, surge o autor, que também morre para que a voz do poeta impere.
O nosso sétimo texto se encontra nas páginas 74 e 75 de Passeios pelas ruas de mim, e recebe como título um monossílabo poderoso: SÓ.
O que vemos nessas páginas em cor pretas, com grandes aberturas em branco, em forma de círculos, é a palavra só, que surge repetida por três vezes, em dimensões variadas, um grande só, que abriga um só em sua letra O, que por sua vez abriga outro só, também em sua letra O.
SÓ é um texto de uma expressão magnífica, de uma poética visual vibrante.
Linguisticamente o vocábulo só transita entre o adjetivo e o advérbio; variando em significação em cada caso. No papel de adjetivo só significa aquele que não tem família, o que está solitário. Mas também significa único. No papel de advérbio só corresponde a somente, unicamente, apenas.
Na locução a sós a forma só já não expressa a solidão, mas que não se tem outra companhia além da que já se tem.
Pode-se ainda se inferir o aspecto religioso decorrente do fato da forma só se repetir por três vezes numa relação de contingência em que um só está contido no outro. Da mesma forma em que se estabelece a relação entre a Santíssima Trindade: Pai, Filho e Espírito Santo. Um só Deus em três pessoas.
Mas também a repetição pode ser uma forma de intensificação do sentido de solidão que está na base semântica da palavra. Só muito só.
Agora vamos aos aspectos semiológicos do texto. No que diz respeito às cores, o preto na folha branca representa que a folha foi escrita- nela o autor se expressa- projeta a sua mensagem. Nesse caso só representa tudo- ou parte de tudo que o poeta teria para dizer.
Nas relações de contingências mantidas entre os sós identifico também a questão psíquica. O texto revela o desejo de autoconhecimento do autor, uma busca profunda de si, do seu inconsciente, a razão de sua alma solitária.
Nosso oitavo texto se encontra nas páginas 80 e 81, chama-se Abismo.
Também é um texto icônico voltado para a visão do receptor.
A arquitetura visual do texto leva em consideração a linha horizontal impressa no alto da página, e que se estende da direita para a esquerda, nos espaços entre as páginas 80 e 81, aqui em branco, com a mancha do texto, situada na parte superior da linha. Do alto, como disse, é do alto que vem a ideia de abismo, de profundezas. A linha representa a beira do abismo, lá onde se encontra todas as ideias, todas as histórias a ser descobertas, inventadas, razão das páginas em branco, sem manchas.
Vamos agora para o nosso nono texto, na página 83, que recebe o título de vale.
neste vale
Vale o vale
Fora disso
Nada vale
(FURTADO, 2017, p.83)
Temos aqui um trocadilho, que é integrado ao jogo de cores em preto e branco utilizado pelo autor em sua composição.
A página em preto representa tudo o que o autor desejou dizer, o preto representa a mancha textual na página em branco, e nesse caso o autor diz mais do que quer dizer. Vale o preto no branco, o que é marcado, contratado, assumido. O que é dito e não é escrito, não vale. O vale aparece na cor preta, em oposição ao verde que faz parte de outro vale, que não entra nessa poesia.
Nosso décimo texto se denomina o tempo; e vamos encontrá-lo na página 92.
É um texto em que o autor se utilizando de sua experiência de diagramador, de leitor de revistas em quadrinhos e de seus conhecimentos de fotografia, acredito que ele tenha, celebra o casamento da escrita de o tempo com a fotografia de três ampulhetas. Na combinação da escrita com a imagem, seguindo a linguagem mista dos quadrinhos.
o tempo parou no tempo
ficou dentro dele
dentro do antes,
dentro do depois
e tudo/ fica pra lá.
(FURTADO, 1918, p.92)
Novamente o número três aparece nos trazendo a ideia de trindade; desta vez o tempo, é deus, um deus tomado em suas dimensões de passado, presente e futuro, um tempo que vive em si mesmo, fechado em si mesmo. Surge a imagem do tempo em forma de ampulheta. O tempo é poeira que despenca, e permanece em si mesmo como monte que enterra mil histórias, que encoberta vidas em segredo, segredos das ruas em que corre o barro da vida, segredos nascidos nas margens da rua.
O Deus Cronos é o personagem desse texto, o mesmo deus que nos cria e devora. Estamos presos no tempo com o tempo, as ampulhetas são as prisões do tempo.
No último verso o autor resume o nosso desespero:
“e tudo, deixa pra lá.”
Vamos ao nosso décimo primeiro texto, que se intitula obedeça a sinalização, e se encontra na página 93.
O poeta se utiliza agora de outras formas de linguagem, emprega a linguagem de códigos do trânsito. Inicialmente esse código é fechado, e não nos permitiria outra interpretação, a não ser a literal que diz para se obedecer a sinalização. No entanto, a placa está associada à rua de Mailson Furtado e o significado ganha outras dimensões.
A placa se encontra numa via deserta, numa estrada que leva a muitos destinos.
Na estrada observo um único carro, que pelo visto já passou pela placa. Será que o/a motorista viu a placa? Obedecerá a sinalização, depois que viu a placa.
E o que para nós quis dizer o poeta? O poeta nos chama atenção para os sinais que a vida nos dá ao seguirmos nossos destinos.
Obedecer a sinalização dos sinais que a vida nos dá, para que haja tempo para amar, para viver com a família, para brincar. Obedecer a sinalização para continuar seguindo, continuar vivo.
Nosso décimo segundo texto, que se chama legenda, se encontra nas páginas 110 e 111. E tal como nome não se comporta, uma vez que nada a vem depois dos dois pontos.
legenda:
O texto aparece no final da folha. E então como pensar o sentido desse texto? Onde está a poesia aqui? Não há como responder pelos padrões poéticos da tradicional academia. E para os que não estão acostumados com essa forma enigmática de dizer, e o enigma é um traço poético. Não há texto, não há nada que saber. Para saber é preciso um olhar acostumado com os sinais, com as pistas, com a forma simbólica, com a pintura, com as cores e os seus significados, com as sugestões próprias do simbolismo.
No final da página, este é que o lugar da legenda, sua função é apresentar esclarecimentos, traduzir, significados associados a uma imagem, ou traduzir um sistema linguístico. Mas onde estão as imagens nesse texto? Não há imagens. O que temos são duas páginas de cor preta. Novamente o jogo de cores entra na composição do poeta. É o preto no branco que conta, que nos diz tudo. Não há o que dizer na legenda, tudo já foi dito, por isso os dois pontos, sem nada depois. Mas os dois pontos, nos passa uma mensagem, significa que há mais coisa para ser dita, que o discurso continua, que o leitor agora tem seu turno, que é a vez do leitor contar sua história. Era uma vez…
A leitura de passeios pelas ruas de mim [e outros] é uma leitura que exige mais que um passar de olhos, para que se possa captar os possíveis significados que o autor deseja passar. O estilo de Mailson Furtado quebra todos os padrões da tradicional poética. Seu texto é um quebra-cabeça, um enigma a cada página, uma charada. Os textos que aqui apresentei mostram como o autor estima misturar diversas formas de linguagem para compor sua estética. Usa da linguagem visual, das sugestões, não diz tudo, mas deseja que se descubra o que ele quer dizer, que o leitor se surpreenda diante do enigma. Do que há por trás de cada sugestão, do jogo de imagens, da combinação da linguagem escrita, com a linguagem icônica. Aqui o autor valoriza o jogo das cores: preto e branco. O preto com seu significado de afirmação, de contrato firmado, onde o que vale é o que está escrito, o preto no branco. Um branco que também tem seu significado, sua essência poética. Tudo é muito bem pensado pelo poeta. Temos textos surpreendentes como: nada, só, legenda. Paris. Tudo dizendo muito com muito pouco.
Acredito que Passeio pelas ruas de mim [e de outros] e um livro fruto do livro à cidade, em à cidade o poeta conta a vida da cidade, e como ele participa da cidade, parte de sua vida esta na cidade, e a cidade está nele. Já em passeio pelas ruas de mim, a geografia já não é a da cidade, mas o espaço é outro, o espaço diz respeito a forma de ser do poeta, fala das ruas, dos caminhos que levam a revelar o eu do poeta “ruas de mim”. Ruas do eu, da sua subjetividade.
Passeios pelas ruas de mim é um ensaio biográfico do ego do poeta, da emoção, do ver e dizer o que está oculto, de reinventar o seu próprio ser. Passeio pelas ruas de mim, é a busca mais profunda de quem corajosamente se lança no abismo do inconsciente. Enfim, o autor é o senhor da sugestão da imagem, senhor da linguagem em sua forma mais essencial que é representar, por símbolos o que lhe parece ser real.